O administrador é um ser político e Política é o que ele tem de fazer do raiar do dia ao entardecer e, mais tarde, em casa, até adormecer.A obra é para o obreiro e o desenho da obra é para o engenheiro, mas a idéia da coisa a ser feita tem de ser pensada segundo a Política e a coisa política nasce da consulta aos cidadãos: se um diz bobagem, o segundo será razoável e o terceiro sagaz. O político ouve a comunidade e,depois dum tempo, entrega-lhe o sonho materilizado.Como? O Demiurgo deu-lhe os sentidos –visão,audição,olfato,tato,paladar e,conforme os místico,um quinto sentido, localizado no alto da testa. As imagens da cidade, seus ruídos,cheiros,asperezas ou suavidades, gostos, eis a matéria prima da urbe cujas transformações o administrador terá de plasmar para que a cidade,como uma planária, caminhe na direção da luz, o futuro. Releia o Discurso do método. Descartes sabia das coisas: res cogitans é a coisa mental, cogitante,o cérebro que pensa; res extensa é o corpo,a matéria, o bolo crescido, a extensão. Assim são as coisas aqui e alhures. A Política, disse Aristóteles, é a nossa bússola, porque o homem é o zoon politikon, o animal político, cuja expressão é a palavra.
Luiz Roberto Benatti