Luiz Roberto Benatti
No último círculo do inferno, segundo a fabulosa arquitetura de Dante Alighieri, ficam os traidores, dentre esses Brutus e Judas, aos quais o grande florentino reservou o frio intenso como castigo. Logo a seguir, e um pouco antes de entrar no Purgatório, de um túnel, o poeta e Virgílio avistam no céu as estrelas que compõem o Cruzeiro do Sul, ao Sul do Equador. É esse o ponto exato de localização do Paraíso. Ilude-se, porém, quem acredita que Catanduva tem seu mapa embutido no Paraíso. Antes, pelo contrário, por força de seus mirabolantes políticos, ela tem-se assemelhado a Dite, cercada por muralhas de fogo, na parte mais profunda do inferno, lugar de culpas terríveis. Dante não foi avesso à política de seu tempo, de modo algum menos efervescente do que a nossa. Dante era guelfo e seus adversários eram gibelinos. Florença era guelfa e os guelfos defendiam o papado, ao contrário dos gibelinos, adeptos do Sacro império romano. Ambas as facções lutavam pelo domínio das cidades. Algo, na essência, mudou? Onde estaria Nilton Cândido e por quanto tempo? Setecentos anos depois da redação do Inferno, recomendaria ao vereador a leitura do poema, tanto pela beleza quanto pelo conhecimento prévio de seu futuro roteiro nestas paragens.