A morte não tem hora, nunca é precoce nem tardia. É na sua hora. E o real que ela carrega não tem sentido. Ela está escrita no script de uma vida. Sempre. É a única certeza que se tem: ela virá, mas nunca se sabe quando nem como nem onde.
Mesmo não tendo sentido, a morte de Domingos Montagner porta uma estranheza, pois vimos o script da ficção repetir-se no real da vida. O enigma da morte no script de uma vida, em seu caso, foi ficcionado. Onde a falta de saber deveria aparecer, lá estava seu duplo, encarnado no personagem Santo, encenando o roteiro que é sempre mistério. Unheimlich.
O real é uma invasão, impossível de ser simbolizado. O que resta é sempre tentativa de dizer.