
Luiz Roberto Benatti
No auge de seu império de mídias, Chatô tinha 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de tevê, 1 agência de notícias, a revista O cruzeiro e A cigarra. Poderoso como Kane, irreverente, mexeu tanto com Chico Matarazzo que este mandou-lhe o seguinte recado: que ia resolver as coisas à napolitana cortando-lhe a garganta, ao que Chateau respondeu que o enfrentaria à moda paraibana cortando-lhe os bagos com peixeira. Empurrou à sua moda a mídia nacional para frente com a ajuda de Vargas a ponto de dizerem que a CIA injetou muito dinheiro na Globo por medo do homem e de sua visão nacionalista. O nome Francisco de Assis deve-se ao santo e Chateaubriand ao escritor francês. Não se iluda: Chatô sabia das coisas e, com os Bardi, fundou o MASP, sem o qual teríamos continuado atrás da coxia das Artes, abandonados como mendigo carente de sopa e banho. Pelo fim da vida, declarou que adorava o poder, a Arte e mulher pelada. Em 1960, sofreu a trombose que o deixou paralisado: falava por balbucios e, na cama, datilografava num máquina de escrever adaptada: do teto, tombavam os fios presos a uma roldana e a engenhoca o ajudava a bater na teclas com o antigo vigor. E foi assim que Wesley Duke Lee o colocou numa instalação.