
Luiz Roberto Benatti
No dia 1º. de agosto de 1937, Benedito Augusto Narciso, Lindoval Vaz de Almeida e José Galvão fundaram a União dos homens de cor de Catanduva, cuja memória foi levada para Nenhures por uma sociedade que insiste em contar sobre seu domínio e o gosto que tem por divertir-se rios de cerveja acima da cabeça dos humilhados e ofendidos. Os três impuseram-se como missão lutar pelo triunfo da candidatura de José Américo à presidência da República. Na foto, como ministro da viação e obras de Vargas, ele é o segundo à esquerda. Não foi essa a primeira vez que negamos de pés juntos fatos de nossa história: a história do mato ruim como apelido do Cerradinho é uma das mais repetidas. E a verdade sobre isso passa pelo romance A bagaceira de José Américo, cujo pano de fundo é a grande seca e o êxodo rural de 1898, seca que crestou grande parte dos solos do Norte e Nordeste do País, da África e Europa. Solo crestado não é sinônimo de terra ruim. Os interessados poderão ler sobre isso também nOs sertões de Euclides da Cunha. O entusiasmo da sociedade negra local durou pouco, porque Vargas deu o golpe dentro do golpe e implantou o Estado novo que, dentre outras consequências, levou à breca a candidatura do autor dA bagaceira. Américo e Vargas tornaram-se adversários por muito tempo, e tal distanciamento pôs o paraibano no colo da direita. Acrescente-se que no dia 10 de novembro a Câmara local foi fechada por ordens do interventor de Getúlio.