
Chantal Maillard/Benatti
Olhe para o céu. Para a terra,
A seguir. Diga:
há um sonho esperando para ser sonhado.
Um sonho espera para ser sonhado.
Boca seca. Não há
saliva. Erga os olhos
para os falcões
e os mísseis. Não deixe os olhos
ao rés do solo,
para a grama,
entre a ferrugem,
onde a grama queima
verde e poderosa.
Eu perdi minhas armas.
Eu joguei fora o escudo.
De todas as verdades que escolho
apenas uma restou: a carícia do sol
no tronco de minha alma
calcinado.