UMBERTO SABA
Umberto Saba – Cidade Velha
Poemas selecionados: UMBERTO SABA, Il Canzoniere (Turim, Einaudi 1945).
Muitas vezes, para voltar para minha casa
Pego uma rua escura da cidade velha.
Amarelo em alguma poça é espelhado
algumas luzes e a rua está cheia.
Aqui entre as pessoas que vêm quem vai
da taverna para a casa ou para o lupanare,
onde os detritos são bens e homens
de um grande porto,
Encontro, passando, o infinito
humildade.
Aqui prostituta e marinheiro, o velho
que blasfêmia, a mulher que implora,
o dragão sentado na loja
da fritadeira,
o jovem louco e tumultuado
de amor,
todos eles são criaturas da vida
e dor;
o Senhor agita neles, como em mim.
Aqui me sinto humilde em companhia
meu pensamento se torna
mais puro onde a rua é mais suja.