Luiz Roberto Benatti
O desinteresse de Afonso Machione por museus era sinal se sua indiferença pela memória, Desde que o intimidado guarda de trânsito, chave de fenda à mão, esteja de cócoras entre o pneu e o meio-fio para multar o motorista incauto, ele continuava a sorrir no gabinete certo de que merece o cetro de o maior prefeito que a cidade conheceu. Verdade? Não, porque todos os prefeitos vivos da cidade – Félix Sahão, Zé Alfredo, Warley, Carlos Eduardo e Geraldo Vinholli – manifestaram interesse em ampliar ou manter o que tínhamos. Repeti isso tantas vezes, que o homem irritou-se comigo, a cuja irritação não lhe empresto o menor sinal de pó ou vento, porque estou convencido de que ele irá sempre na direção contrária ao bom senso, a tal ponto que, se você lhe disser que vai chover, ele instruirá a SAEC para fechar as torneiras do céu. Em 2005, tínhamos 6 museus, dos quais quase nada nos restou. As crianças de hoje serão as criaturas perdidas entre fiapos de história e desmemoria, amanhã. No mundo todo, há 55 mil museus, 35 mil dos quais estão localizados nos EUA. Os museus nos remetem para o passado, iluminam o presente e abrem portas para o futuro.