Risto Oikarinen/Benatti
Um pássaro branco cor de giz caiu de sua órbita, colidiu com o solo como meteorito, quebrou o pescoço e se transformou em rocha no deserto. O sol mergulhou-se numa nuvem cinzenta, os dinossauros desapareceram e minha família brotou na areia do deserto, perto da rocha branca. Com o pássaro, o avô esculpiu uma igreja , o pai perfurou as janelas na pele e o filho construiu cachimbos de vento para o espírito. Arrumei emprego como cantor, sentei-me num órgão ossudo num celeiro, dedos congelados pelas teclas pretas à procura duma melodia interrompida como se fossem trechos dum avião caído no pântano : o Big bang, o motor imóvel, os dinossauros, a mecânica da misericórdia … a última Primavera chegou, a cúpula da catedral se abriu e choveram chaves brancas semelhantes a penas brancas cor de giz.