Luiz Roberto Benatti[Breno Freire, o capelão da História, irmã, cunhado e o inefável Expedito]
Nélson Pires era diabolicamente angelical e angelicamente demoníaco. Na primeira série do Ginásio, primeiro dia de aula, ele nos mandou comprar o Oswaldo Sangiorgi e a Tábua de logaritmos. A Tábua tinha nome cabalístico e sempre havia um de nós que perguntava se devia ser procurada na papelaria do sr. Monteleone. O Nélson respondia que não, mas na Rua 13 de Maio, na marcenaria do Bozelli que respondia ao aluno gaiato com um palavrão.
Iracy Furlan Mosca era sonora como um quarteto desafinado – tamancos altos, brincos largos, braceletes. Bravíssima, conferia o material – régua, esquadro, tesoura, compasso, caderno de desenho, lápis no. 1 e no. 2 com as pontas do tamanho por ela exigido. E lá vinha ela, passo a passo, com régua à mão, para conferir o comprimento do grafite. Se a ponta do lápis fosse menor, imediatamente, ela o enterrava na carteira.
Sahid Pereira Haddad tinha o ar dum xeique árabe, porém com um tom levemente escrachado. Viciado em cafezinho. Perguntamos-lhe um dia se café fazia mal à saúde e ele nos respondeu: “Faz, meu filho: mais de 200 xícaras por dia!”
Expedito era o senhor dos trocadilhos e das surpresas na prova.Lemos o Sniper, de Lian O’Flaherty, 6 ou 7 páginas, vocabulário original: o atirador estava atrás duma chaminé no alto duma casa, quarteirão arrasado. Do outro lado, o inimigo entrincheirado. Arma, saliências, telhas, uniforme, capacete, granada – o vocabulário era novo e intrincado. Na prova, Expedito pinçou do meio do conto o momento em que o franco atirador suou na testa e você deveria responder em Inglês qual tinha sido o momento. Nós saímos da prova suados.