Luiz Roberto Benatti
A tela de Salvador Dali talvez nos sirva de consolo para continuarmos a procurar a cabeça do alferes, executado há 228 anos, portanto no dia 21 de abril de 1792. Depois de enforcado, ele foi esquartejado: o tronco foi enterrado como seção anatômica dum indigente, a cabeça e outras 4 partes do corpo foram salgadas em razão do rápido apodrecimento, a cabeça foi pendurada num poste de Vila Rica, atual Ouro Preto, e a seguir furtada. Se os estudos de história do Brasil ainda estivessem na moda, a moçada poderia tomar conhecimento dum estudante da Universidade de Coimbra e Montpellier, na França, que, com o pseudônimo de Vendek, escreveu a Thomas Jefferson, nos EUA, pedindo-lhe ajuda para promover a revolução que não fizemos. O moço chamava-se José Joaquim Maria Barbalho. Poderiam os novos mestres de História ensinar também que, no período de sedição, as reuniões se faziam com a participação de padres, militares e intelectuais como Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga.Como foram mortos ou exilados, não tiveram tempo para nos trair como os contemporâneos. E, por fim, porém de importância indiscutível, que a divisa Libertas quae sera tamen foi extraída das Éclogas de Virgílio, versos I-27. Desse mundo bucólico, para nós catanduvenses, restaram apenas a prainha de Salles e o cheiro de carne assada. Com a competente presença do detetive Wallander, Aécio Neves poderia nos ajudar a encontrar o esqueleto da cabeça do mártir da Independência.