Luiz Roberto Benatti
Nos dias que correm, o homem público não crê em hipótese alguma que a floresta pode-se mover, quer dizer, arrancar-se a árvore do solo pelas raízes e deslocar-se rumo ao castelo, a fim de que os soldados, travestidos de galhos e folhas, coloquem abaixo a fortaleza do adversário.O homem público tornou-se hiper-realista e não há quem o demova do propósito firme de dilapidar o erário público, e conselheiro algum o convencerá a viver do que ganha já que a paga doada pela comunidade é substanciosa.O homem público tornou-se a-moral: possesso como Adolf Hitler, insano como Macbeth. Macbeth é essa peça de Shakespeare que você poderá ler de cabo a rabo em pouco tempo e que, finda a leitura, se quiser repetir a empreitada, poderá recomeçar e, depois, uma vez mais e outra. Maquiavel teria reconhecido em Macbeth o manual da desorganização do poder. Como o vaticínio da floresta que se move é feita pelas bruxas, e o homem público dirá que são elas frutos da pura imaginação, o desastre será fatal. A floresta moveu-se porque o comandante da tropa adversária instruiu os soldados para cortar das árvores galhos cobertos de folhas e vesti-los como se usassem roupas apropriadas para a guerra e, assim travestidos, a uma ordem do comandante, movem-se na direção do inimigo ao qual dão duro combate. O MP estuda as peças de acusação e lê Shakespeare. Leia o 4º.ato: “Veste a força do leão, sê orgulhoso e não te importes com quem quer que resmungue ou se rebele, ou contra ti conspire, pois vencido não há de ser Macbeth, enquanto o grande bosque de Birnam não subir contra ele ao alto Dunsinane./ Jamais isso poderá dar-se, pois quem tem poderes para a floresta armar e dizer à árvore que liberte a raiz fixa na terra?” Leiam Shakespeare.