Luiz Roberto Benatti
Nunca soube que Luiz Carlos Prestes, aqui ou em Moscou, tivesse freqüentado o divã dum psicanalista competente que pudesse ter-lhe aberto um fosso até o inconsciente para dele retirar lodo e fantasias tanto sobre o que poderia ter sido realizado como sobre o que jamais deveria ter sido feito se outra tivesse sido a cabeça pensante do cavaleiro de tristíssima figura.Neste ano, o PCB completou 93 anos de vida, passada, a grosso modo, na clandestinidade, ainda que a qualidade da ração do chefe fosse de boa para melhor.Passou da hora, portanto, de os prestimosos filiados limparem a chaminé, como dizia Sigmund Freud. Com o fracasso da Intentona comunista de 35, a que se seguiu a prisão, dentre outros membros do partido, por Filinto Muller, de Elvira Cupello Calônio, codinominada Elza Fernandes, semi-alfabetizada e apaixonada pelo líder Antônio Maciel Bonfim, o PCB montou o teatro da crueldade para julgar os culpados pela traição. Tiradentes está sempre onde o pomos e nós sempre o pomos onde estamos. Elza, empregada doméstica (quem diria?) de 16 anos, foi levada ao tribunal stalinista, julgada e sentenciada à morte por Luiz Carlos Prestes, em 1936. Alguém de Sorocaba verteu lágrima por Elza? A moça, de quem Pagu foi avatar, morreu estrangulada por Francisco Natividade Lira, ensacada e, a seguir, enterrada num quintal de angélicos prestistas. Bruno/Prestes, o goleiro, saiu do gol e foi atuar como ponta direita da revolução, de braços dados com Adhemar de Barros. Onde estão nossos cineastas e dramaturgos?