Luiz Roberto Benatti
Snowden é um traidor e, como todos os demais, enfileirados da Patagônia à Groenlândia, aguardam na bilheteria chamada gratuita para assistir à peça “Tudo o que fiz foi em nome duma grande causa”.O traidor vibra quando arquiteta a traição, quando trai, quando os traídos caem em desgraça e, assim, sucessivamente, até o fim dos tempos. Eu nasci assim, Gabriela! As declarações do delegado Romeu Tuma Jr. sobre nosso Snowden do abecederário – o famosíssimo Lula – teriam de deixar Marcos Ferreira, Cachorrão, Ana Paula, Elisabete e demais beatos do PT envergonhados. Cachorrão, p. ex., tem um fã clube masculino e feminino imenso a quem ele acalenta com histórias sobre Chico Buarque e outros compositores. Aposto minha caneca de chope folheada a ouro que o nosso Homem jamais dirá a uma das fãs e às filhas tudo o que ele deveria saber de Lula nos tempos da Rua Tutóia. São histórias cujas narrativas levariam as espectadoras a ranger os dentes e rasgar o retrato do Iluminado. O PT era quase tudo e agora tornou-se a cafua do Grande Dedo Duro. Cachorrão e os amigos fazem que não importa, que amanhã ou depois uns poucos idiotas como eu estarão esquecidos, que dona Dilma vai dar de lavada e que o partido “dos trabalhadores” (sic!) continuará em Brasília & arredores. Questões edipianas não resolvidas na mais remota adolescência confluíram para a formação teatral do traidor. O traidor precisa trair como as crianças lambuzam-se com doces.