Luiz Roberto Benatti
Desde 2011, os moços entram no Facebook e dele saem sem querer voltar.No ano passado, despencaram. O Facebook não é sua praia ou morada, por razões óbvias: aqui você poderá tentar vender pau velho, usado ou novo, bem como os brigadeiros da patroa, mas, por mais desencontradas que sejam as intervenções, bem ali, à direita, no alto, na janelinha, você deverá ter algo para dizer além de mandar às favas a avó do internauta. Além das caretas diante do celular e em frente do espelho, a moçada, no que diz respeito à reflexão mais rasa, acha-se abaixo da crítica. Vez ou outra, assisto a aulas de Filosofia com crianças francesas, classes mistas, nas quais a escola ajunta filhos de migrantes africanos ou argelinos desgarrados na Europa. Em bancos baixos e muito simples, sentam-se a professora e as crianças de pouca idade. Cada uma delas fala na sua vez, não grita, manifesta condução lógica do pensamento de acordo com a idade, opinam sobre morte, divórcio dos pais, racismo, atitudes agressivas, prostituição, cannabis. Depois de 45 anos de ensino de Filosofia, fracassei com nossas crianças: desconcentração, falta de apetite para a reflexão, indelicadeza, desrespeito ao professor e aos colegas. O Facebook é a morada de quem amadureceu.